Eu me lembro bem quando foi o ultimo periodo na minha vida em que eu tinha a sensaçao de ser plenamente feliz, se é que isso existe. Eu sentia que o mundo era mais leve e a constancia de momentos bons era bem maior. Foi entre os meus 18 e os 22 anos. Nao sei bem porque tudo foi desandando depois.
Parando pra pensar sobre a palavra desandar eu me vejo caminhando numa estrada de terra vermelha, com muuuita dificuldade, arrastando uma pedra enooorme e pesada. Eu choro quando me imagino assim.
Uma vez na terapia eu falei sobre a pedra. Aì, a médica (eu chamo a terapeuta assim) me pergunta: O que é essa pedra? Do que ela é feita? Como é essa pedra? Grande, pequena? Pontuda, irregular, redonda?… Ela me provoca pra depois me desafiar: Se voce consegue imaginar vividamente a pedra, com forma, textura, cor… pode experimentar imaginar o que quiser para se livrar dela, ou transforma-la em alguma coisa mais construtiva que te traga algum beneficio.
Num primeiro momento, instintivamente, meio rindo eu quis jogar aquilo fora… Na verdade, o tema do dia era “raiva” e eu queria mesmo era jogà-la na cabeça de alguém. Boa essa. Nao, nao, melhor nao alimentar o monstro-raiva por tras da pedra, poderia dizer politica e psicologicamente correta a médica… E eu tentando outra coisa. Vai! Fecha os olhos, LuLu. Pensa!… E eu espremi os olhos e veio uma especie de apego pela tal pedra, quase um afeto, acredita? Naquele momento, entao, mais constrangida pelo desafio do que motivada, confesso, eu pensei em reformà-la, seilà, esculpi-la… Poderia ser um grande objeto de arte, ou varios pedacinhos… Prometi alì na frente da médica que eu faria esse exercicio. Prometi pra mim.
Mas… no fim eu nao fiz nada. Nao imaginei nenhum fim pra esse trambolho que eu carrego.
Costumo nao cumprir muitas promessas que faço sò pra mim. Me sinto decepcionada comigo mesma ao lembrar e parece que pesa ainda mais.
Olá!
Eu sempre paro e penso, especialmente nos momentos de tristeza, quando foi a última vez que eu tive um dia completamente feliz…
Tem dias que eu não consigo lembrar de nenhum. E quando lembro, percebo que não há nada que eu possa fazer para ter um dia completamente feliz de novo…O que sobra então? Pequenas ilhas de felicidade em um mar de….
Seu texto me fez pensar nisso…
Ai, ai…
Beijos.
PS: queria deixar uma daquelas frases de efeito para te animar mas francamente acho que tem horas que nem eu nem você acreditamos muito nelas, né?
Lulu,
promete para mim que vai fazer essa escultura até o dia 12 de julho?
Quero saber todos os detalhes dela, aqui no blog!
Bjk